quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Veneração ortodoxa dos Santos.



Por ocasião do batismo recebemos o nome em homenagem a um santo, o qual desde aquele momento se torna o nosso protetor, patrono celestial. Cada cristão ortodoxo deve conhecer a vida do seu protetor celestial e em suas orações pedir o seu auxílio e orientação.

Nossos antepassados, na sua devoção, honravam o dia do seu santo "o dia do seu anjo" — com a Santa Comunhão e este dia foi mais festejado do que o dia do seu nascimento. Qual o sentido da veneração ortodoxa dos santos? Será que os santos no Céu conhecem as nossas necessidades e nossas dificuldades, e será que eles se interessam por isto? Será que eles ouvem as nossas preces e procuram nos ajudar?

Será que é bom pedir a ajuda dos santos, ou será que é suficiente somente orar a Deus? As seitas, que perderam a tradição apostólica, não compreendem a essência e o objetivo da Igreja de Cristo e por isso negam a necessidade de orações aos santos no Céu. Resumiremos aqui o ensinamento Ortodoxo sobre este assunto.

A veneração ortodoxa dos santos é baseada na convicção de que todos nos, que estamos tentando nos salvar e os que já se salvaram, vivos e mortos, constituem uma única família de Divina. A igreja é uma grande sociedade, que abrange todo o mundo visível e invisível. 

Ela é uma organização enorme, mundial, constituída sobre os princípios de amor, onde cada um deve cuidar não só de si, mas também do bem-estar e da salvação de outras pessoas. Os santos são aquelas pessoas, que durante a vida demonstraram mais amor para com os próximos.

Nos, ortodoxos, cremos, que quando uma pessoa justa morre, ela não rompe a sua ligação com a Igreja, mas passa para a sua esfera mais alta, celestial — para igreja triunfante. No mundo espiritual a alma da pessoa não deixa de pensar, querer, sentir. Pelo contrário, estas qualidades se abrem ainda mais amplamente e com uma maior perfeição.

Os cristãos modernos, não ortodoxos, que perderam a sua ligação viva com a Igreja Celestial-terrestre, têm as mais vagas e confusas ideias sobre a vida após a morte. Alguns deles acham que depois da morte a alma do homem adormece e se desliga de tudo; outros — que a alma do homem, mesmo continuando a sua atividade depois da morte, não se interessa mais pelo mundo, do qual saiu.

Outros ainda acham que em princípio não se deve orar aos santos, pois o cristão tem uma relação direta com Deus. A proximidade dos santos ao trono de Deus e o poder da sua pelos que creem, e que estão na terra, torna-se evidente no livro Apocalipse, onde o apóstolo João escreve: "Na minha visão ouvi também ao redor do trono, dos Animais e dos Anciãos, a voz de muitos anjos, em número de miríades de miríades e de milhares de milhares.”.

A seguir, ele descreve a visão dos justos orando no Céu pelos homens, que pensam na terra: "Adiantou-se outro anjo e pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está adiante do trono. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos diante de Deus" (Apoc. 5:11; 8:3-4).

É grande o poder da oração! “Orai uns pelos outros, para serdes curados: a oração do justo tem grande eficácia" — ensinava o apóstolo Tiago (Tg 5:16). As orações pelos santos no Céu, orando por nós, demonstram o seu amor e zelo fraternos. Eis porque a Igreja, desde os tempos mais antigos ensinava sobre a utilidade de recorrer em oração aos santos. Isso nós vemos, por exemplo, em antigas Liturgias e outros monumentos escritos.

Na Liturgia do apóstolo Tiago nós lemos: “Lembremo-nos em particular da Virgem Santíssima, Mãe de Deus”. Senhor tenha misericórdia e perdoai-nos atendendo às preces Dela, puras e santas.

“São Cirillo de Jerusalém”, explicando a Liturgia à igreja de Jerusalém, nota: "Durante a Liturgia, nós lembramos e citamos os que partiram inicialmente os patriarcas, os profetas, os apóstolos, os mártires, para que, através da oração e interceder deles, o Senhor receba a nossa prece.”.

São numerosos testemunhos dos pais e mestres da Igreja, principalmente a partir do século IV, a respeito da veneração dos santos pela Igreja. Mas, já no século II, existem testemunhos diretos escritos pelos antigos cristãos sobre a fé e oração dos santos no Céu pelos seus irmãos terrenos.

Os que testemunharam o martírio e a morte do Santo Inácio (início do século II) dizem: "Tendo voltado para casa chorando, passamos a noite em claro. Depois, tendo adormecido um pouco, alguns de nós viram o Santo Inácio em pé, abraçando-nos, e outros o viram rezando por nós.”.

Notas semelhantes com referência a orações e zelo dos mártires por nós são achadas em outros relatos da época de perseguição aos cristãos. O apóstolo Tiago convoca os cristãos a imitar a paciência dos antigos profetas e de Jô (que muito sofreu), a ter a fé inabalável como a do profeta Elias. Apóstolo Pedro ensinava as mulheres cristãs a imitar a descrição e a obediência da venerável Sara esposa do Abraão.

O santo apóstolo Paulo cita os sacrifícios dos antigos justos começando com Abel e terminando com os mártires macabeus e conclama os cristãos a imita-los. Concluindo os ensinamentos sobre esse tema, ele escreve: "Desse modo, irmãos, cercados como estamos de tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto" (Tg cap. 5; 1 PE 3:6; Hebr. 12:1).


Fonte:
Janeiro — Fevereiro

Bispo Alexandre Mileant

Traduzido por Tatiana Zyromsky



Folheto Missionário número PA3
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Redator: Bispo Alexandre Mileant