sábado, 23 de abril de 2011

DIVINDADES

A doutrina de Umbanda, por ser universalista, não veta ou despreza nenhuma divindade cultuada em outras religiões. O conhecimento mais profundo das hierarquias divinas revela que uma divindade ou um espírito Ascenso, ou que se divinizou, tem caráter universal e atende, dentro dos limites da Lei Maior, a todos os que o invocarem solicitando auxilio ou sua interseção junto a Deus.

A própria transposição dos Orixás da natureza para o interior das nascentes tendas de Umbanda processou-se por meios dos santos católicos, e até do divino Jesus Cristo, que ocultava com sua singela imagem humana o divino mestre Oxalá.

Por isso, a doutrina de Umbanda não refuta o uso de imagens nos templos: por trás da imagem de um espírito santificado oculta-se a presença de um Orixá “ humanizado” por intermédio, justamente, do santo já conhecido de todos.

O conhecimento superior das hierarquias divinas nos mostra que um espírito, quando se universaliza, abre um campo de atuação tão amplo que ultrapassa a religião que possibilitou sua elevação e ascensão dentro das hierarquias divinas sustentadoras da evolução de toda a humanidade.

Por isso, a doutrina da Umbanda recorre aos ícones sagrados de outras religiões e os acolhe como sinais exteriores de divindades pouco conhecidas, mas muito atuantes nos dois planos da vida. E, onde um espírito afim com ela se manifesta como guia de Umbanda, ali se encontra uma imagem, um ícone religioso ou um símbolo gráfico que assinala a regência da tenda e dos trabalhos espirituais pela divindade que o tem amparado no lado espiritual da vida.

E, mesmo que a muitos isso tenha passado despercebido, o fato é que se muitas tendas de Umbanda ostentam em seus altares imagens de hindus, elas estão sinalizando que um espírito que ali se manifesta não foi índio ou negro, mas sim um hindu, em sua última encarnação. E que sua formação religiosa se procedeu em solo hindu, onde ele cultuava uma divindade conhecida por seu nome sânscrito, que não era um nome africano ou americano e muitos menos cristão.

Mas, como o conhecimento das divindades, já em níveis superiores, diz-nos que não existe mais do que um Deus e nem que dois mistérios sejam absolutamente iguais, no entanto, esse mesmo conhecimento nos diz que um mistério divino tem alcance planetário, multidimensional e possui suas hierarquias espalhadas por todas as religiões. Quando uma nova religião é fundada, as divindades planetárias deslocam algumas de suas hierarquias espirituais para que se unam às hierarquias das outras divindades planetárias e dêem sustentação à nascente religião até que ela própria consiga estabelecer suas hierarquias humanas constituídas só por espíritos formados já dentro de sua doutrina religiosa.

Por isso é que na Umbanda se manifestam tantos espíritos “estrangeiros”, quando o lógico e natural seria só se manifestarem espíritos de africanos, índios brasileiros e cristãos convertidos às duas religiões naturais que deram origem à Umbanda.

O fato é que hierarquias inteiras foram deslocadas de seus campos de atuação, dentro das religiões que as formam, e foram colocadas à disposição das divindades regentes do nascente Ritual de Umbanda Sagrada. Trouxeram para a Umbanda suas formações religiosas, suas apresentações humanas e suas formas particulares de cultuar o Divino Criador, mas já se adequando às linhas mestras traçadas pelos espíritos superiores que idealizaram a nascente Umbanda.

O sábio hindu se manifestaria sob o amparo de um dos Orixás, assumiria um nome simbólico de fácil assimilação pelos médiuns e pelos consulentes das tendas de Umbanda. Assim, um espírito já ascensionado, e cuja última formação religiosa se havia processado em solo estrangeiro, manifestaria-se em solo brasileiro por novo ritual com um nome simbólico de fácil assimilação, mas que indicasse as irradiações sob as quais se manifestava. E surgiu uma linha de caboclos“Sultão das Matas”, que se manifestaram logo nas primeiras tendas de Umbanda e fixaram este nome dentro da nova religião. “Sultão” é sinônimo de imperador, e“matas” é sinônimo do elemento vegetal. Logo, o nome simbólico “Caboclo Sultão das Matas” significa caboclo do Orixá Oxossi, regente planetário que atua por intermédio da essência, do elemento e da energia vegetal.

Só que o espírito já ascensionado que fundou a linha de caboclos Sultão das Matas é um “mestre da Luz” hindu cuja última encarnação ocorreu há 1.800 anos atrás e já atua em várias religiões, até mesmo na cristã, na qual possui uma ordem religiosa a qual não podemos revelar porque a lei do silêncio dos mistérios nos impede.

O fato é que ele, o mestre da Luz Caboclo Sultão das Matas, já atua em oito religiões diferentes, nas quais encarnaram e encarnam espíritos há muito já amparados pela hierarquia espiritual fundada por ele no astral, sustentada por uma divindade conhecida na Índia pelo nome hindu. No entanto, essa mesma divindade é uma intermediária da divindade planetária que atua por meio da essência, do elemento e da energia vegetal, que na Umbanda todos conhecem e cultuam com o nome de Oxóssi.

Viram como o Ritual de Umbanda Sagrada é universalista? Ele congrega espíritos de todas as esferas espirituais e, dotando-os com nomes simbólicos identificadores das qualidades dos Orixás planetários e multidimensionais, possibilita a eles ampararem seus afins encarnados em solo brasileiro, já atuando dentro dos limites de uma religião brasileira, pois, se as práticas espirituais são comuns a toda a humanidade, no entanto, hierarquizadas como as do Ritual de Umbanda Sagrada, só em solo brasileiro elas acontecem.

A doutrina de Umbanda sempre recorre à analogia ou à comparação para identificar uma divindade e descobrir a qual das sete irradiações divinas é ligada. Quando completa a identificação, sempre encontra na divindade a essência divina que se manifesta por meio dela e o mistério que ela é em si mesma, pois manifesta qualidades essencialmente divinas.

Por isso, a doutrina não aceita certas colocações que tacham de“pagãs” as divindades das religiões que já cumpriram suas missões junto aos espíritos ou no plano material. Por que pagãs? Só porque eram divindades cultuadas por meios de rituais religiosos antiqüíssimos e anteriores até às doutrinas judaicas, cristã e islâmica?

O conhecimento nos revela que as divindades não são Deus, mas sim manifestadoras de mistérios divinos. Por isso, atendem a desígnios divinos e, se não as aceitamos, devemos respeitá-las e entender que só se humanizaram para auxiliar a evolução da humanidade e amparar espíritos afins com suas qualidades divinas e qualificações humanas.

A analogia da Umbanda Sagrada nos mostra que as divindades das religiões mais antigas são regidas pelo setenário sagrado, e estudos mais acurados nos mostram que elementos as regem. E o mesmo nos revela o estudo dos Orixás, os quais são cultuados por meio da natureza terrestre e possuem locais específicos para serem oferendados.

Estudando os Orixás, descobrimos a qual hierarquia cada um deles está ligado. E, se nos aprofundarmos um pouco mais, descobriremos que eles sustentam evoluções paralelas à humana, e que acontecem nas dimensões naturais, habitadas por seres que nunca encarnam e que evoluem sem o recurso do corpo carnal.

Estudando o meio onde vivem esses nossos irmão naturais, descobrimos que eles nos conhecem muito bem e até nos auxiliam em nossa evolução, pois nos enviam continuamente suas irradiações de fé, amor e estímulo.

E, indo um pouco mais fundo no estudo dos nossos irmãos naturais, descobrimos que se preocupam conosco porque, dizem eles, nós já vivemos ao lado deles em nosso estágio anterior da evolução. Tanto isso é verdade que muitos deles se integram às hierarquias naturais regidas pelos senhores Orixás intermediários, que são divindades, pois assim podem vir até a dimensão espiritual e nos auxiliar melhor em nossa evolução.

Todos nós temos irmãos naturais que se preocupam com nossa evolução e sofrem com nossas dificuldades, às vezes aparentemente insuperáveis. Por isso, nunca estamos sozinhos em nossa jornada humana.

E, se nos identificarmos com um Orixá ou divindade natural, com certeza recebemos dela um amparo direto. Também algum irmão natural regido por ela nos acompanha bem de perto e desdobra-se para superar rapidamente as nossas dificuldades em evoluir para nos reunirmos a eles nas esferas celestiais. Por isso, a doutrina de Umbanda aceita como natural e correto o culto às divindades identificadas com a natureza e as estuda profundamente, sempre na certeza de encontrar nelas as qualidades superiores dos mistérios divinos.

E, se torna obrigatório que o culto aos Orixás se realize unicamente nos campos vibratórios na natureza, no entanto, recomenda que de vez em quando os médiuns devam ir até um desses campos vibratórios altamente magnéticos e energizadores para neles reverenciarem os sagrados Orixás – divindades naturais, ou“natureza”.

Por isso, o termo “pagão” é refutado porque possui caráter pejorativo, oculta a ignorância das pessoas às qualidades terapêutica das energias condensadas nos campos vibratórios onde se realizam os ritos religiosos de culto aos Orixás.

Divindade significa um ser superior irradiador de qualidades divinas e que, se compreendidas, muito nos auxiliam. Logo, a religião de Umbanda, na qual muitas divindades antiqüíssimas manifestam seus mistérios por intermédio das linhas de ação e dos trabalhos espirituais, recomenda o respeito a todas as divindades ou seres manifestadores de mistérios divinos.

A doutrina de Umbanda fundamenta-se no conhecimento profundo do universo ainda invisível aos espíritos encarnados, e mesmo de muitos dos que desencarnaram e mantiveram-se ligado à matéria.

Por isso, toda tenda de Umbanda dedica uma parte dos seus trabalhos mediúnicos à doutrina e esclarecimento dos espíritos recém-desencarnados ou ainda adormecidos no materialismo paralisador da evolução. E, sempre que possível, integra-os ao nível terra das hierarquias espirituais do Ritual de Umbanda Sagrada, onde começa a despertar para o universo natural regido pelos sagrados Orixás, divindades do nosso Divino Criador.

E, quando estes espíritos começam a despertar para a grandiosidade do universo regido pelas divindades, um grosso manto escuro é descerrado e eles encantam-se com os Orixás, que os inundam de irradiações de fé, amor e compreensão, pois as divindades sabem que estes seus filhos haviam tido suas memória imortais adormecidas, e só assim não retomariam antes do tempo ás dimensões onde já haviam vivido e evoluído “naturalmente”. Sim, quando um espírito tem sua memória imortal e ancestral despertada, descobre que já havia vivido e evoluído nas dimensões naturais amparado pelos senhores Orixás, aos quais muitas vezes havia refutado quando viveu no plano material sob uma cultura religiosa mesquinha, que negava a existência das divindades e o afastava das hierarquias divinas.

Mas os Orixás acompanham a evolução humana desde sempre, e sabem que o obscurantismo religioso faz parte da humanidade, e muitas vezes atendem à própria necessidade dos espíritos ainda incapazes de conviver em harmonia com seus irmãos não encarnantes, chamados por nós de elementais, encantados ou seres naturais. CÓDIGO DE UMBANDA. “Rubens Saraceni”