sábado, 2 de abril de 2011

Rabino americano indica Pio XII ao título «Justo

Rabino americano indica Pio XII ao título «Justo entre as Nações»

ROMA, terça-feira, 17 de janeiro de 2006 - Em um livro publicado nos Estados Unidos, o rabino e professor de Ciências Históricas e Políticas David Dalin pede que se outorgue o título «Justo entre as Nações» a Pio XII, em reconhecimento pelo que fez em defesa dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

A obra demonstra que muitos papas, ao longo da história, defenderam e protegeram os judeus de acusações e perseguições.

O livro, titulado «The Myth of Hitler’s Pope» («O mito do Papa de Hitler»), editado por Regney Publishing, relata muitas históricas sobre como o Papa Eugênio Pacelli salvou os judeus da perseguição nazista.

Dalin cita autorizados estudos de autores judeus, como «Roma e os judeus», de Pinchas Lapide, e «Pio XII e os judeus», escrito em 1963 por Joseph Lichten, membro da Liga Antidifamação.

Dalin cita também Jeno Levai, o historiador húngaro que, ante as acusações de silêncio contra o Papa, escreveu «Judaísmo húngaro e papado. O Papa Pio XII não guardou silêncio. Informes, documentos e arquivos da Igreja e do Estado», publicado em inglês em 1968, com uma introdução de Robert M.W. Kempner, vice-fiscal chefe americano no processo de Nuremberg.

Entre as obras recentes, o rabino americano sublinha em concreto os trabalhos de Martin Gilbert, entre os mais autorizados historiadores judeus em vida, biógrafo oficial de Wiston Churchill e autor de mais de setenta livros sobre a Segunda Guerra Mundial e a Shoah.

Gilbert relata tudo o que a Igreja Católica fez em defesa dos judeus, opondo-se ao racismo e ao nazismo, e afirma que «Pio XII deverá ser elogiado e não censurado».



Por suas atuações em favor dos judeus, Dalin propõe que se conceda a Pio XII o mais alto reconhecimento hebreu para um gentio, o título «Justo entre as nações».

Em 3 de novembro passado, a edição na internet de «Jerusalem Post» publicava a resenha do livro de modo muito positivo.

Especialmente interessante é o capítulo no qual Dalin analisa o comportamento de vários pontífices para com os judeus. A tradição dos papas que tiveram grande consideração e estima aos hebreus se inicia, segundo o rabino norte-americano, com Gregório, mais conhecido como Gregório Magno (590-604), que emitiu o histórico decreto «Sicut Judaeis», em defesa dos judeus.

Calisto II garantiu também sua proteção aos judeus e reafirmou o conteúdo de «Sicut Judaieis».

Durante o século XIV, quando os judeus foram culpados da epidemia de peste (“a morte negra”), o Papa Clemente VI (1342-1352) saiu em ajuda deles e foi o único líder europeu a fazer isso. Bonifácio IX (1389-1403) ampliou a proteção papal aos judeus, reconhecendo-lhes a cidadania romana em 1402, e foi o primeiro Papa que empregou judeus no Vaticano.

Os papas Martim V (1417-1431) e Eugênio IV (1431-1437) tiveram como médico pessoal o judeu Elijah bem Shabbetai Be’er que, graças à ajuda dos pontífices, foi o primeiro judeu que lecionou em uma Universidade européia, a de Pavia.



Sixto IV (1471-1484) foi o primeiro Papa que empregou copistas judeus na Biblioteca Vaticana e criou a primeira cátedra de Hebreu na Universidade de Roma. Durante seu pontificado, a população judaica duplicou.

Dalin fala também dos pontífices Nicolas V, Julio II, Leão X, Clemente VII, Paulo III, Bento XIV, Clemente XIII e XIV, Leão XII e Pio IX, todos os quais intervieram em favor dos judeus.

Do século XX, o rabino americano recorda Bento XV, que publicou uma condenação do anti-semitismo preparada pelo jovem Eugênio Pacelli; Pio XI, cujo professor de hebreu era um rabino e é conhecido por afirmar: «Espiritualmente nós somos todos semitas»;

Pio XII, pela gigantesca obra em defesa dos judeus perseguidos, João XXIII, e Paulo VI, que foram estreitos colaboradores de Pacelli na obra de resgate dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial; João Paulo II,

o primeiro que visitou a sinagoga de Roma e que rezou ante o Muro as Lamentações; Bento XVI por sua histórica visita à sinagoga de Colônia.

A última parte do livro de Dalin dedica-se à história e aos fatos relativos ao grande mufti de Jerusalém, Hajj Amin al Husseini que, durante a Segunda Guerra Mundial, encontrou Adolf Hitler em numerosas ocasiões; amigo de Adolf Heichmann,

visitou o campo de concentração de Auschwitz e interveio na rádio alemã, declarando-se de acordo com a eliminação dos judeus europeus para evitar o nascimento de um Estado judeu.

Frente ao atual ressurgimento de anti-semitismo, Dalin propõe recuperar a verdade histórica e estudar as condenações ao racismo feitas pelo magistério da Igreja Católica.

Fonte: http://www.zenit.org/article-9994?l=portuguese